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O PRIMEIRO CAVALEIRO DO APOCALIPSE

 

Por Rev. Adauto Rezende

INTRODUÇÃO

 

 

 

 

 

Com relação aos estudos proféticos, muitos equívocos teológicos e abusos sobre o assunto causa ceticismo para muitos crentes e zombaria por parte de incrédulos. No entanto, não importa qual seja a opinião das pessoas, a palavra de Deus será cumprida. Sua presciência dos eventos futuros foi descrita por homens santos por inspiração divina.

Muitos eventos escatológicos1 se cumpriram no decorrer da história humana; alguns estão se cumprindo hoje, e, outros ocorrerão em épocas futuras.

Nos escritos escatológicos do profeta Daniel no Antigo Testamento e do apóstolo João, no Apocalipse, o último livro do Novo Testamento, ambos fornecem detalhes substanciais sobre a humanidade nos dias anteriores à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Estudar estes livros são uma aventura fascinante, descobrir que Deus não nos abandonou desinformados. Ele forneceu uma grande quantidade de dados em Sua Palavra; portanto, podemos entender o início e o fim da civilização.

É inegável que milhares de comentários proféticos foram escritos sobre os dois livros, Daniel e Apocalipse. Algumas deles foram muito profundos e fiéis à exegese bíblica, enquanto outros distorceram as Escrituras, repletos de auto-engano e absurdos teológicos. Mesmo nessas pluralidades de analistas, alguns verdadeiros e, infelizmente, outros falsos, acredito ser fundamental para os cristãos entenderem as profecias bíblicas. Por quê? Vou mencionar alguns motivos:

1. Podemos discernir falsos mestres e doutrinas falsas,

2. Nós não desanimamos, pelo contrário, edificamos nossa fé,

3. Podemos confiar na inerrância das Escrituras,

4. Podemos ter paz, entendendo as promessas de Deus para o seu povo,

 

Neste estudo, meu objetivo é examinar as revelações de João para o final dos tempos, colocando-as em um formato cronológico, conectando com outros livros proféticos, incluindo as visões dos últimos dias de Daniel.

 

Notas:

1 Escatologia é um termo teológico que diz respeito a eventos dos úlimos dias, ou seja, o estudo do final dos tempos

Apocalipse é o livro dos “setes”:

• Sete igrejas

• Sete Espíritos

• Sete chifres

• Sete olhos

• Sete selos

• Sete trombetas

• Sete tigelas

• Sete anos

• Sete anjos

• Sete castiçais

• Sete estrelas

• Sete trovões

• Sete pragas

 

João viu em uma de suas muitas visões dos setes, um pergaminho selado com sete selos. Este pergaminho parecia simbolizar uma porta misteriosa que necessitava de alguém para destrancá-la e para divulgar as revelações ali contidas, entretanto, ainda ocultas, para assim terminar o último capítulo do livro de Deus. O profeta Amós disse: "Certamente o Soberano SENHOR não faz nada sem revelar seu plano a seus servos, os profetas2". Analisando o verso descrito por Amós, neste caso o profeta que receberia a revelação dos planos de Deus, seria João, o apóstolo. Ele ouve um brado angelical dizendo: “Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele."3

A história humana não poderia ser concluída, porque não havia homem capaz de abrir o pergaminho englobando toda a revelação. Conheço meu passado (os eventos mais importantes) e meu presente; no entanto, meu futuro neste planeta não sei nada sobre ele. Havia um clamor celestial, em busca de alguém que pudesse revelar os planos de Deus. Enoque, o homem que foi transladado ao céu, Noé, Abraão, Davi, Pedro, Maria ou João não poderiam abri-lo. Teria que ser um ser perfeito, representante da raça humana. O apóstolo sentiu em sua alma uma dor e uma sensação de fracasso. Era inevitável os selos serem abertos, e os escritos revelados, perplexo, diante do impasse diz o verso seguinte: "E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele.”4

Notas:

2 Amós 3: 7

3 Apocalipse 5: 2-3.

4 Apocalipse 5: 4

O que levou o apóstolo ao profundo lamento? Penso, ser uma pergunta razoável, contudo, as Escrituras não nos fornece resposta. Poderíamos supor, que João reconheceu as implicações que causariam, caso a mensagem não fosse revelada. Era extremamente importante entender o desfecho dos eventos na agenda divina para a humanidade. De repente, sua profunda angústia e dilema, foram aliviados, após ouvir uma voz dizendo: “Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos. E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto.”5

Que momento deslumbrante! O mesmo João, que décadas antes, havia testemunhado Jesus caminhando com dificuldade devido aos açoites e os golpes dos punhos e rumo ao calvário,  até chegar ao seu lugar de martírio, ser crucificado,6 sangrando incessantemente diante das afrontas dos seus opressores. João, também ouviu a voz do Senhor vindo da cruz dizendo para sua mãe: "Mulher, eis aí seu filho", e ao discípulo: "Eis aí sua mãe."7 Ele também descreveu as últimas palavras de Jesus na cruz: “Está consumado.”8 A missão do Messias havia terminado. O Cordeiro de Deus que removia os pecados do mundo pagava a penalidade pelos pecadores. Este mesmo Cristo, perfeito e imaculado, o segundo Adão que desceu dos céus deveria ser aquele que “revelaria” o fim de todas as coisas. Ele havia dito a seus discípulos: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra.”9 “Não temas; Eu sou o primeiro e o último; E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.”10 “Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre:”11 Cristo tem toda autoridade no céu e na terra, tem chaves diferentes para abrir e fechar portas, incluindo a chave para escancarar e desdobrar os eventos finais no mundo e nosso novo começo na eternidade.

Enquanto Jesus segura o pergaminho, o tribunal do céu reconheceu as razões pelas quais o Filho do Homem poderia desbloqueá-lo: "Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue nos compraste para Deus de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; E para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos sobre a terra.”12

A cena seguinte apresenta milhões de seres celestiais adorando a Jesus Cristo e clamando como estrondos de trovões: “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças.”13

O velho apóstolo, depois de testemunhar as visões, observava o pergaminho desconhecido finalmente sendo aberto: "E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos.”14

Notas:

5 Apocalipse 5:5,6 

6 A crucificação geralmente começava com açoites e chicotadas nas costas da vítima. Os romanos usavam um chicote especial que consistia de pequenos pedaços de ossos e metal amarrados a vários fios de couro. O número de açoites dados a Jesus não foi registrado; no entanto, o número comum na lei judaica eram 39. Durante o açoite, a pele das costas era rasgada, expondo uma massa sangrenta de tecido e osso. Grande perda de sangue ocorria, geralmente causando a morte, ou pelo menos a falta de consciência. Além de ser açoitado, Jesus também sofria espancamento e tormento por parte dos soldados romanos, incluindo a perfuração de sua cabeça com uma coroa de espinhos.

7João 19: 26-27

8 João 19: 30

9 Mateus 28: 18

10 Apocalipse 1:17,18

11 Apocalipse 3:7

12 Apocalipse 5:9,10

13 Apocalipse 5:11,12        

14 Apocalipse 6:1

O CAVALO BRANCO

“E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: Vem, (e vê)15. E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer.”16


Os dois primeiros versículos apresentam um cavaleiro montado num cavalo branco. É muito significativa a cor do cavalo, pois no capítulo dezenove, apresenta Cristo vindo dos céus num cavalo branco. Também é mencionado nesta visão, que ele vem para conquistar; Cristo também virá para conquistar e reinar sobre à terra (Daniel, capítulo 2). Portanto, esse personagem é um Cristo falso. Ele se apresenta como Cristo, porém, diante dele virão: guerras, fome, pestilências e destruição. Isto é apresentado nas visões de mais três cavaleiros no mesmo capítulo seis. Quando o verdadeiro Cristo, o Príncipe da Paz voltar para reinar durante o milênio, a justiça e a paz serão abundantes no planeta.

Existe outro fator muito importante na passagem: é um chamado divino para que este cavaleiro comece sua missão: "VEM."

A quem o chamado "Vem" é endereçado? Quem é convidado a vir? Será que foram dirigidas ao apóstolo? Parece difícil concordar com esta possibilidade. João, já estava ali. Ele viu o Cordeiro abrindo o selo.

Prefiro pensar que se refere a hora de Deus em revelar o Seu propósito para este mundo. Ele é Deus! Ele é quem controla o tempo e os eventos. A Bíblia está cheia de exemplos da soberania de Deus. Satanás não pode agir como bem entender. Ele deve esperar pelo consentimento de Deus. Somente quando o Senhor diz: “Vem”, ele está livre para enganar aqueles que amam o mal e odeiam a justiça. Os que fizeram seus próprios deuses, desprezando o Criador, o Senhor Deus Todo-Poderoso. Vamos ler alguns eventos nas Escrituras para esclarecer o ponto:

 

A primeira ilustração é do rei babilônico, que, depois de curado de uma insanidade ─ parte de corretivo divino, com o propósito de humilhá-lo, para que o monarca entendesse a soberania universal de Deus. Nabucodonosor, um rei pagão proclamou uma das maiores confissões das Escrituras sobre a grandeza e a soberania do Senhor:

  • “Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?”17

O segundo exemplo foi a declaração de Jesus perante seus carrascos, que todos os eventos aconteciam pelo decreto e autorização divina. Satanás maquinava e colocava em ação a morte do Senhor pela permissão de Deus:

  • “Tenho estado todos os dias convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim, mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.”18

Notas:

15 No original grego não contém a palavra vê

16 Apocalipse 6:1,2

17 Daniel 4:34,35

18 Lucas 22:53

 

A terceira referência, mostra a liberação de quatro anjos decaídos, em um tempo precisamente predeterminado e, pela vontade permissiva do Senhor, essas criaturas dizimarão milhões sobre à terra durante a Grande Tribulação:

  • “E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro, que estava diante de Deus, A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos, que estão presos junto ao grande rio Eufrates. E foram soltos os quatro anjos, que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens.”19 

Nos próximos estudos, pesquisaremos nas Escrituras de modo a encontrarmos as respostas para as seguintes perguntas sobre o primeiro cavaleiro na visão de João concernente os últimos dias.

 

Quem é ele?

Quais são seus objetivos?

Como ele vai realizá-los?

Quanto tempo durará o seu reino?

Qual será o destino deste indivíduo?

A Ele toda glória!

Notas:

19 Apocalipse 9:13-15

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